Monday, October 29, 2007



SÁBADO DE MANHÃ


Por alguns segundos, o mundo de Ana foi só escuridão, mas uma escuridão que era o bloqueio de todos os sentidos, a ausência da carne, algo capaz de fazer crer que já não se é mais um ser humano.

Mas Ana não estava perdida no nada, era um estado onírico, que dividia o espaço com um crescente fiapo de consciência. Então, Ana pôde experimentar emoções em suas formas mais puras, sem que o mal-estar físico pudesse desviar a atenção. Só que eram emoções negativas, que fariam o estômago dar voltas na barriga, se ela pudesse ao menos sentir que tinha estômago.

Nada enxergava, nada escutava, apenas angústia, ansiedade e medo, muito medo, a sensação de estar indefesa no meio das trevas, o medo de algo que ela já conhecia, mas não de uma maneira consciente, algo que parecia ter acabado de acontecer, mas que reverberava como rédeas emocionais.

Este estranho estado foi passando aos poucos. Era um estado que ficaria pairando, tênue, sobre a mente de Ana enquanto ela estivesse entre o sono e a vigília, mas que logo seria esquecido. Não seria eliminado, mas ficaria nos bastidores de seus olhos, como as experiências que condicionam o viver. O estranho estado recuou diante da consciência que crescia e espantava os bichos noturnos da cabeça de Ana. Primeiro ela percebeu algo estranho, uma limitação pesada a seu ser e, logo depois, constatou que era apenas seu corpo, mais cansado que o normal. Estranhou que isto tenha lhe chamado a atenção só naquele momento, apesar de tantos e tantos despertares passados.

Então, começou a experimentar sensações que logo observou serem de uma manhã ensolarada. A claridade entrou por seus olhos e iluminou sua alma sob a forma de um borrão, que logo assumiu formas tão nítidas, que Ana pôde ver a poeira suspensa no ar, dourada como minúsculos sóis. Quando prestou atenção no corpo, pareceu mais leve e notou que o medo havia desaparecido, dando lugar a uma bela e limpa serenidade. O vento estava fresco e fazia com o que o sol pudesse ser chamado de amigo. O cheiro era familiar, era cheiro de flores, e gramas. Os sons, obviamente, eram de pássaros.

Mas onde ela estava afinal?

No banco da praça.

“Que noite”, ela pensou enquanto olhava ao seu redor “que noite”. Dessa vez ela deveria ter passado dos limites, sem dúvida. Acordar num banco de praça sem se lembrar do porquê era um péssimo sinal, um infeliz indício de que talvez fosse melhor que ela nem descobrisse o que havia aprontado. Sentou-se e olhou o movimento daquela manhã. Parecia ser sábado, o melhor dia da semana. Estava escrito no rosto das pessoas. Mas algo parecia estar fora do lugar e Ana tentava entender o que era. Talvez, passar a noite fora de casa, no banco da praça pela primeira vez na vida, mudasse a percepção da gente sobre as coisas, foi o que ela pensou. Talvez a sensação de inadequação, de descobrir um território novo em nossa cabeça, mesmo que a praça seja a mesma de sempre.

Mas a praça não era a mesma de sempre, ela estava mais charmosa. As pessoas também estavam um pouco diferentes.

Ajeitou a bolsa no ombro, que felizmente ainda estava lá, pôs-se de pé e caminhou, com uma calma que era novidade para ela. Manhã de sábado e nada com que se preocupar. Andou pela calçada e observou as vitrines. Parou diante de uma loja de relógios e ficou se olhando no espelho para logo constatar que estava linda. Estava tão fresca, colorida e macia, seus olhos azuis, o cabelo castanho levemente ondulado e caindo nos ombros. Não fazia idéia de que dormir na rua pudesse ser um tratamento de beleza tão bom. Suas roupas estavam limpas, eram o reflexo de suas idéias.

Continuou caminhando, e tudo parecia essencialmente bom. As pernas se moviam e os pés atingiam o chão de um jeito hipnótico, e ela se deixou automatizar neste transe agradável, numa linha contínua de satisfação. Não se deu conta, mas estava respirando à toda capacidade, e todo aquele oxigênio enchia seu rosto de vida, fazendo com que seus olhos zunissem e captassem com máxima atenção cada quadro do esplendor da vida. Quando deu por si, havia chegado à frente do parquinho da cidade, que reluzia. Ela não sabia que tinham reformado. Fazia muito tempo que não passeava por ali, era verdade.

Não pensou, o mais natural para ela foi entrar para ver as crianças brincarem. E assim ela fez, indo sentar-se sob uma árvore perto de crianças que corriam e se divertiam, como deve ser. Elas pareciam as crianças do tempo dela, afinal criança sempre vai ser criança. Observou as mamães, que vigiavam e falavam feito idiotas com os filhos, estes mais iluminados ainda por se sentirem cuidados. A imagem, tão corriqueira, de uma mãe que empurrava a filha no balanço lhe pareceu a melhor poesia do mundo e seus olhos marejaram.

Ela se sentiu preparada para tudo. Sentiu-se pronta para guiar qualquer um em direção à paz, sentiu-se apta a aplacar o sofrimento de quem quer que precisasse, e tudo que tinha que fazer era estender a mão com uma flor e lançar um olhar doce cheio de significado.

Foi quando ela escutou algo que contrastava com tudo naquela manhã. Uma das crianças começou a chorar e era uma que ela ainda não tinha notado. Estava solitária, sentada no canto do parquinho de areia e era um menino, um menino triste. Ana voltou-se para ele e pôs-se a observar por alguns instantes, as pernas cruzadas e o olhar analítico, cheio de calor e humanidade. Esperou e o choro não foi embora. Ela esperava que alguém aparecesse para acudi-lo, mas as mães estavam todas ocupadas e a do menino estava ausente. Ela hesitou por alguns momentos. Olhou fixamente para aquele choro e sentiu algo trincar dentro de si, por onde vazou um pouco de insegurança. Estava confusa, mas respirou fundo e convenceu a si mesma de que estava realmente pronta. Ergueu-se e caminhou na direção do menino, estranhando por ninguém nem ao menos olhar o que acontecia. Quando finalmente sentou ao lado dele, sentiu felicidade, um vapor lhe enrubesceu e ela quase se afogou em compaixão. Sentia-se feliz pelo menino, por ele ter finalmente conseguido a rara oportunidade de ser notado por alguém, além de uma auto-satisfação egoística que se mostrava cristalina, mas que não fazia com que se sentisse culpada. Nem um pouco.

O menino ainda chorava. Ela inclinou o corpo para frente e o encarou. Sorriu como um anjo misericordioso e com olhos azuis que prometiam uma vida cheia de abraços. O menino reagiu, parando de chorar de tristeza, mas aproveitando a súbita alegria para derramar as últimas lágrimas que faltavam, disfarçadamente. A criança devia ter pouco mais de três anos. Três anos não é idade para ser solitário, se é que existe uma idade para isso. Ela lhe afagou o rosto, secando as lágrimas, e ele se acalmou.

Ana pegou um copo de plástico que estava ao lado e retomou uma atividade que adorava quando criança, que era fazer montinhos de areia com o copo. Achou que seria muito legal compartilhar isso com o menino. Sim, é claro, poderia não ser grande coisa, mas era bem melhor que ficar chorando no canto do parque. Então ela fez, e o primeiro montinho não ficou perfeito, quebrou um pouco na parte de cima. O menino ficou admirado com a lisura da superfície, ficou com vontade de pôr a mão. Pôs e tudo caiu, surpreendendo-o. Estava absorto.

Ela repetiu, e o segundo ficou mais torto ainda, mas a criança gostou do mesmo jeito. Deu um tapinha e a areia se espalhou, o que provocou uma risada do menino e palmas de aprovação. Que brincadeira havia descoberto. Os montes de areia se seguiram e a empolgação cresceu, o menino já estava de pé, saltitante. Mas os montes ficavam deformados, Ana não conseguia entender. Deveria ser muito mais fácil fazer um montinho perfeito. Não era só colocar a areia, virar o copo no chão e depois tirar? O que ela estava esquecendo? O menino pulava e gargalhava e, quando Ana tirava o copo, ele logo pisava ou chutava longe a areia, ficando em êxtase.

Então ela se levantou e segurou-lhe a mão. Levou-o até o balanço, sentia que precisava empurrá-lo no balanço. Ele concordou sem discutir e, em poucos segundos, estava alçando vôos inacreditáveis de graça infantil, em gargalhadas pendulares que ecoavam pelo bosque. E Ana empurrava com a agradável sensação de reviver o passado.

Depois de um tempo os dois saíram pelo parque, ela levando-lhe pela mão, como se fosse uma irmã mais velha ou então... isso mesmo, uma mãe, e o pensamento a surpreendeu, pois ela enfim começava a acreditar que poderia ser uma boa mãe. Ela o encarou e perguntou:

“Onde está a sua mamãe?”

O menino ergueu os ombros e Ana entendeu que ele não sabia.

“E o papai?”

A criança pareceu confusa, não sabia o que dizer.

“Você sabe, o papai, marido da sua mamãe.”

Ele não sabia.

Ana olhou em volta enquanto saíam do parque; viu muita alegria, mas nenhum interesse nela ou no garoto. Teve o cuidado de sair lentamente, à vista de todos, e ainda assim ninguém veio reivindicar a criança O menino só tinha olhos para Ana.. Então ela o levou para passear, o menino merecia um pouco de atenção. Depois ela pensaria no que fazer com ele.

Ana e o menino caminhavam pela calçada, ele num andar divertido, que era uma dança de criança, e ela sorrindo, por entre a humanidade ruidosa. Os carros passavam e, em algum lugar, as batidas de uma construção. Então, ela viu um senhor que vendia algodão doce na esquina e se lembrou dele. Notou também que a criança olhava para o carrinho e para as pequenas nuvens que ali estavam com um desejo manifesto. O primeiro impulso de Ana foi comprar o doce para ele, mas ela se segurou para pensar. Sentia-se responsável por ele e se lembrou das vezes em que lhe haviam negado doces. Na maioria das vezes diziam que ela não podia comer porcaria, que dava cárie e dor de barriga. Mas e daí? Era só comer pouco e escovar os dentes depois.

Ana aproximou-se e pediu o algodão doce, branco. O homem entregou o doce, acenou com a cabeça levemente e saiu empurrando o carrinho. Era uma cena muito familiar para ela, como tudo que acontecia ali, no velho centro. O menino ficou muito feliz e devorou o algodão, com todo o fascínio que o ineditismo lhe trazia, maravilhado com o modo como o doce ia se desmanchando na boca e virando açúcar. Observou bem as partes mordidas, cristalizadas e brilhantes.

Prosseguiram lado a lado, até chegarem à praça. O menino, terminado o doce, não via sentido algum em se livrar da vareta que o sustentava. Em suas mãos, aquilo era ora espada, ora revólver e ele corria pela grama lutando contra inimigos que, mesmo imaginários, estavam por toda a parte. Mas, no final, todos tombavam e ele saía ileso. Nisto, Ana sentiu um leve frescor, trazido por gotículas de água suspensas no ar pela pressão da fonte. Eram pequenos diamantes que faziam o sol brilhar em cores variadas e, em grupo, serviam como tela para a projeção de um belo arco-íris. Ela andou até à fonte, levando o menino pela mão, e ele empunhava a vareta atento, muito mais do que pronto para a próxima aventura.

Quando estavam bem próximos, Ana abriu a bolsa e procurou pela escova e pasta de dentes que sempre carregava. Era muito precavida. Não poderia deixar que todo aquele açúcar corroesse os dentes da criança, e a água da fonte serviria, não era suja e um pouco já bastaria. Lá estavam, relativamente novas, a escova e a pasta. Ana preparou a escova e abaixou-se para falar com o garoto com seriedade.

“Hora de escovar os dentes, vamos lá, é assim que se faz, abra a boca.”

Ele abriu e ela escovou alguns dentes da fileira da esquerda, da parte de baixo. Passou para a de cima, mudou para os dentes da frente e assim por diante. “Tem que limpar tudinho.”, ela disse. E ele assentiu, com a boca cheia de espuma.

“Agora, encha a boca de água, para lavar”, e mostrou como deveria ser feito, bochechando um pouco da água que saía do chafariz. Ele fez igual e cuspiram.

“Muito bem. Muito bem.” Estava orgulhosa. Era verão, era sábado de manhã e os dois estavam com os dentes limpos.

Continuaram com o passeio pela praça, até que Ana viu a mãe que guiava a filha pelos perigos da faixa de pedestres, e decidiu retornar ao parquinho das crianças. Imaginou que, talvez, alguém poderia estar procurando pelo garotinho. Suspirou e seguiu seu caminho.

Enquanto caminhavam, ela sentiu algo mudar. Era difícil de identificar, uma sensação esquisita. Como se ela pudesse perceber a rotação da Terra no envólucro dos ventos, e pudesse ouvir massas de ar a quilômetros de distância. E, longe, muito longe, sons que pareciam ser os de milhares de inimigos chegando a cavalo. A natureza conversava diretamente com ela com sua linguagem característica, em que os signos são folhas que caem, pássaros que abandonam o ninho e nuvens que encobrem o sol. A manhã de sábado tornava-se sisuda, e preparava Ana para o que viria em seguida.

Passaram pelo parque, apenas para constatar que estava vazio. Quando caminhavam em frente ao bosque, o menino se desvencilhou e correu mato adentro. Estranhamente rápido, ela logo o perdeu de vista, entrando no bosque para procurá-lo. Quanto mais ela entrava, mais fechado se tornava, e ela simplesmente não se lembrava daquilo como parte do centro da cidade. Seguiu em frente, olhando para todos os lados em busca da criança, suando de verdade pela primeira vez no dia, as árvores se amontoando, ela sentindo o peso de cada uma delas, o sol sendo bloqueado por manchas negras e a escuridão se aprofundando. Ana retornava à escuridão, em busca do menino. Onde foi parar a criança? Será que aquela gargalhada jamais voltaria a ser ouvida? Será que o ar nunca mais sofreria golpes de vareta? Onde foi parar a criança?

Cansou. A respiração se tornou difícil, os pensamentos embaralhados e achou que seria muito difícil continuar. Quando estava prestes a desistir, viu algo ali no meio do mato que responderia suas perguntas. Aproximou-se e estava tudo embaçado.

A ansiedade cresceu, o medo tomou conta, era como se estivesse diante de um perigo real, uma violência presente. Como se calculasse a fuga, mas estivesse já presa em imensa teia. Lembranças horríveis vieram à tona.

Não, ela ainda não havia visto o suficiente do que estava li no chão, mas de certo modo, já sabia o que era, conseguia se lembrar e ficou furiosa. Atacou-a um sentimento muito mais intenso do que a decepção que se sente ao acordar, quando se é enganado por um sonho bom.

O que ela via ali no chão, já com riqueza de detalhes, era a antítese da imagem que havia visto refletida no espelho da relojoaria. Ela estava morta ali no chão, em estado deplorável e lembrava-se do que havia lhe acontecido, cheia de horror. Os olhos abertos, a boca escancarada, como se tentasse puxar de volta o sopro da vida. Sopro este que observava o cadáver, em estado de total perplexidade.

Não pôde fazer outra coisa que não chorar. Não teve coragem de tocar no próprio corpo. Que injustiça! Que injustiça!

Ouviu o ranger de rodinhas e virou a cabeça na direção de uma árvore por trás da qual aparecia lentamente um algodão doce, e depois outros, até que o velho vendedor surgiu, segurando o carrinho. Ele parou e disse:

“Aninha, você morreu.”

“Eu sei. Eu lembro. Foi aquele homem horrível. Mas o que é tudo isso, o que eu tô fazendo aqui?”

“Vou te explicar. Você foi morta de maneira brutal, violentada e espancada. Sua alma ficou carimbada com terror e revolta, entendeu, e desse jeito ia ser impossível você ficar em paz. Aí você acordou no banco da praça, só que vinte anos no passado, para encontrar seu assassino poucos momentos depois dele ter sido abandonado pela mãe no parquinho da cidade. Você estranhou a praça, porque era a praça de vinte anos atrás. O parquinho que você viu não tinha sido reformado, ele tinha sido é inaugurado há pouco tempo. Aquela cena que te emocionou, da mulher empurrando a filha no balanço era você quando menina com sua mãe. Você também se viu depois, atravessando a rua com ela, mas nem notou. Eu morri faz tempo. Já era velho quando sua mãe vinha comprar algodão doce pra você. Enfim, você veio conhecer o assassino quando criança. Talvez, se na manhã de sábado em que ele foi abandonado, ele tivesse sido salvo por um anjo de coração humano, olhos azuis, cabelos castanhos e sorriso amoroso, talvez a história tivesse sido diferente.”

Ana já havia se erguido, quando ouviu as palavras do velho:

“Agora volte. Volte.” E apontava para a direção de onde ela havia chegado.

Ela voltou.

Lá fora, há vinte anos, ainda era uma bela manhã de sábado. No entanto, tudo estava estático, não parecia mais haver vida em lugar algum. Ela entrou no parque e lá estava o menino sentado no canto do parquinho de areia, exatamente como antes. Ele estava parado, olhando para ela. Ana se aproximou e sentou a seu lado, para analisá-lo nos olhos. Talvez não devesse sentir raiva dele, ela pensou. Seria certo entender que aquela ali era uma pessoa completamente diferente do monstro do futuro, alguém inocente. Mas foi impossível para ela olhar nos olhos do menino sem se lembrar dos olhos do estuprador. Era ele. Era ele mesmo!

E deu um tapa com muita força na cabeça do moleque.

Ele começou a chorar, assustado, pego desprevenido pela agressão, vinda de onde ele apenas havia recebido carinho. Com a mão suspensa no ar para descer outra pancada, Ana olhou bem para ele e captou cada quadro de angústia e de sofrimento legítimo que amarrava aquela criança. Pousou a mão no ombro do garoto e o trouxe para si, afagando sua cabeça. Ele soluçava.

Por fim, se acalmou.

Então, Ana pegou o copo que ainda estava ali do lado e o menino se levantou. Ela encheu de areia e virou no chão. Tirou o copo vagarosamente e viu que o monte de areia estava totalmente simétrico, absolutamente perfeito. Ela se levantou e os dois ficaram se olhando em silêncio. Na rua, o caminhão do gás passava, tocando sua música, apenas três notas duradouras que se alternavam.

Ana olhou para a forma perfeita de areia que estava no chão e pensou:

“Sim, eu estou preparada.”

O menino olhou para ela e acenou com a cabeça. Ela retribuiu o gesto, concordando.

Então, ele deu passos velozes na direção do monte de areia e, de repente, tudo correu em câmera lenta para ela. Veio o chute que fez a areia subir e ela pôde ver cada um dos grãos, brilhando como pequeninos sóis, ficando maiores e mais reluzentes, envolvendo-a. E a música do caminhão de gás crescia, mais alta do que nunca, enquanto ela era suspensa no ar e perdia todos os limites da matéria. Dali em diante, seria sábado de manhã sempre que ela quisesse.